
carolparreiras
EP#2.6 - Gayle Rubin

Gayle Rubin e o campo de estudos sobre práticas sexuais
Paula Lacerda, professora de Antropologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Carolina Parreiras, pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
O ativismo de Gayle Rubin em favor da “variedade sexual” levou a autora, antropóloga, lésbica e praticante do sadomasoquismo, a não apenas questionar as convenções sexuais promovidas por setores como a direta conservadora, a igreja e também o feminismo (inclusive do feminismo lésbico), mas também a produzir reflexões e análises sobre comportamentos sexuais considerados “desviantes”. É assim que Gayle Rubin se torna uma autora pioneira no – hoje formado – campo de estudos sobre práticas sexuais como o BDSM (sigla para bondage, disciplina, dominação e submissão, sadismo e masoquismo), a pornografia e o mercado erótico em sentido amplo.
Sob a inspiração das propostas da autora, no Brasil, esse campo de estudos vem crescendo nos últimos anos, voltado às reflexões sobre as muitas possibilidades de vivência e experiência das sexualidades em diferentes contextos. Neste sentido, valem ser citados os trabalhos de Maria Filomena Gregori (2016), que além de propor o conceito de “limites da sexualidade”, analisa o que chama de erotismo politicamente correto, o uso de sex toys e SM. Além dele, há também o de Bruno Zilli (2007) sobre os discursos de legitimação do BDSM na internet e sua relação com a psiquiatria. Também chamamos atenção para o trabalho de Camilo Braz (2012) sobre clubes de sexo para homens. Lembramos também do estudo de Regina Facchini (2008), realizado com mulheres frequentadoras de um clube para prática de BDSM. No campo de estudos sobre a pornografia, de maneira mais ampla, valem ser salientados os estudos de Maria Elvira Díaz-Benítez (2010) sobre a produção de pornografia mainstream; o de Jorge Leite Jr. (2006) sobre pornografia bizarra; e o de Carolina Parreiras sobre pornografia alternativa (2015).
Referências:
BRAZ, Camilo. À meia-luz...: uma etnografia em clubes de sexo masculinos. Goiânia: Editora UFG, 2012.
DÍAZ-BENÍTEZ, Maria Elvira. Nas redes do sexo. Os bastidores do pornô brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
FACCHINI, Regina. Entre umas e outras : mulheres, (homo)sexualidades e diferenças na cidade de São Paulo. Tese de Doutorado, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Unicamp, 2008
GREGORI, Maria Filomena. Gênero: teoria e prática. Folha de São Paulo [suplemento Quatro Cinco Um, a revista dos livros], 01 dez 2017. Disponível via: https://www.quatrocincoum.com.br/br/resenhas/ciencias-sociais/genero-teoria-e-pratica Acesso 14 abr. 2021.
______. Prazeres Perigosos. Erotismo, gênero e limites da sexualidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
LEITE JR., Jorge. Das maravilhas e prodígios sexuais: a pornografia "bizarra" como entretenimento. São Paulo: Annablume, 2006.
PARREIRAS, Carolina. Altporn, corpos, categorias, espaços e redes : um estudo etnográfico sobre pornografia online. Tese de Doutorado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Unicamp, 2015.
RUBIN, Gayle. Políticas do Sexo. São Paulo: Ubu, 2017.
______. Deviations: a Gayle Rubin Reader. Durham & London: Duke University Press, 2011.
______. Tráfico Sexual: entrevista a Judith Butler. Cadernos Pagu (21), 2003. Pp. 157-209.
ZILLI, Bruno. A perversão domesticada. Estudo do discurso de legitimação do BDSM na Internet e seu diálogo com a Psiquiatria. Dissertação de mestrado. Instituto de Medicina Social, UERJ, 2007.
Créditos:
Concepção, pesquisa e apresentação: Paula Lacerda
Edição, montagem e pesquisa: Carol Parreiras
Vinheta de abertura e encerramento: carloscarty, disponível sob licença [CC] em looperman.com
Vinheta de transição 1: por aswali, disponível em looperman.com
Vinheta de transição 2: Pad Brume, por yunglain em looperman.com
Vinheta de transição 3: autoria de harri, com pequena adaptação para o ep., disponível em FreeSound.
Acesse abaixo a transcrição deste episódio.